terça-feira, 31 de maio de 2011

Galáxias "mortas" não estão assim tão mortas

Jovens estrelas e enxames estelares na galáxia elíptica 'morta', M105, detectadas usando o instrumento WFC3 (Wide Field Camera 3) no Telescópio Espacial Hubble.M105 é a galáxia no topo, à esquerda, numa imagem do SDSS. A região delineada no centro de M105 é ampliada para revelar a visão única da região central da galáxia, que é novamente ampliada para revelar jovens estrelas e enxames estelares (rodeadas pelos círculos). Estes sinais de formação estelar recente são inesperadas em galáxias velhas, 'mortas'. Crédito: H. Alyson Ford e Joel N. Bregman; NASA/JPL



(Astronomia On Line - Portugal) Astrónomos da Universidade de Michigan, nos EUA, examinaram galáxias velhas e ficaram surpreendidos ao descobrir que estão ainda a fabricar novas estrelas. Os resultados providenciam novos conhecimentos acerca de como as galáxias evoluem com o passar do tempo.

A investigadora Alyson Ford e o professor de astronomia Joel Bregman apresentam hoje os seus achados numa reunião da Sociedade Astronómica Canadiana em London, Ontario.

Usando o instrumento WFC3 (Wide Field Camera 3) a bordo do Telescópio Espacial Hubble, observaram estrelas individuais e jovens e enxames estelares em quatro galáxias a cerca de 40 milhões de anos-luz de distância.

"Os cientistas pensavam que estas galáxias estavam 'mortas' e que há muito que tinham deixado de produzir novas estrelas," afirma Ford. "Mas mostrámos que estão ainda vivas, embora formando estrelas a um nível muito baixo."

As galáxias geralmente são de dois tipos: espirais, como a nossa Via Láctea, e elípticas. As estrelas nas galáxias elípticas situam-se num disco que também contém gás denso e frio, a partir do qual novas estrelas se formam regularmente a uma velocidade de cerca de um Sol por ano.

As estrelas nas galáxias elípticas, por outro lado, têm quase todas milhares de milhões de anos. Estas galáxias contêm estrelas com órbitas parecidas às das abelhas em torno de uma colmeia. As galáxias elípticas têm pouco gás frio, se é que têm, e não se conhece aí formação estelar.

"Os astrónomos estudaram anteriormente a formação estelar ao observar toda a luz de uma galáxia elíptica de uma só vez, porque normalmente não conseguimos discernir estrelas individuais," afirma Ford. "O nosso truque é obter imagens sensíveis no ultravioleta com o Telescópio Espacial Hubble, o que nos permite observar estrelas individuais."

Esta técnica permitiu aos astrónomos observar a formação estelar, mesmo que seja a um ritmo tão lento quanto um Sol a cada 100.000 anos.

Ford e Bregman estão a trabalhar para compreender a velocidade da formação estelar e a probabilidade das estrelas se formarem em grupos dentro de galáxias elípticas. Na Via Láctea, as estrelas normalmente formam-se em associações contendo desde dezenas até 100.000 estrelas. Nas galáxias elípticas, as condições são diferentes porque não há nenhum disco de material frio para formá-las.

"Ficámos confusos devido a algumas das cores dos objectos nas nossas imagens, até que nos apercebemos que deviam ser enxames estelares, por isso a maioria da formação estelar ocorre em associações," afirma Ford.

A descoberta incrível da equipa foi feita enquanto observavam M105, uma galáxia elíptica normal que está a 34 milhões de anos-luz de distância, na constelação de Leão. Embora não tenha havido nenhuma indicação prévia de formação estelar em M105, Ford e Bregman observaram algumas estrelas azuis e brilhantes, similares a uma única estrela com dez a vinte vezes a massa do Sol.

Também observaram objectos que não são azuis o suficiente para serem estrelas individuais, mas ao invés enxames de muitas estrelas. Tendo em conta estes enxames, as estrelas em M105 formam-se a uma velocidade de um Sol por cada 10.000 anos, concluem Ford e Bregman. "Esta não é uma explosão de formação estelar, mas um processo contínuo," salienta Ford.

Estes achados levantam novos mistérios, tais como a origem do gás que forma as estrelas.

"Estamos no começo de uma nova linha de pesquisa, o que é muito excitante, mas por vezes confuso," acrescenta Bregman. "Esperamos seguir esta descoberta com novas observações que nos proporcionarão mais informações acerca dos processos de formação estelar nestas galáxias 'mortas'."

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