segunda-feira, 10 de junho de 2013

Morte cósmica em escala galáctica



(LiveScience/TheAtlantic/NationalGeographic/Hypescience) Pela primeira vez, astrônomos observam uma galáxia durante sua agonia cósmica final. A galáxia anã, chamada de IC 3418, fica perto da Via Láctea e parece estar perdendo seu gás e expulsando bolas de fogo pelo universo.

A “morte” da galáxia não é o seu fim, no entanto. Segundo os pesquisadores, ela parece estar se movendo de uma fase da evolução de galáxias para outra.

“Achamos que estamos testemunhando uma fase crítica na transformação de galáxia anã irregular rica em gás a uma galáxia anã elíptica pobre em gás – o esgotamento de sua alma”, explica o principal autor do estudo, Jeffrey Kenney, da Universidade Yale (EUA).

IC 3418
IC 3418 está localizada a 54 milhões anos-luz de distância no aglomerado de Virgem, um grupo de cerca de 1.000 galáxias e o aglomerado mais próximo da Via Láctea entre o Grupo Local de Galáxias.

Os cientistas pensam que a IC 3418 parou de fazer novas estrelas cerca de 200 a 300 milhões de anos atrás, tornando-se efetivamente infértil.

“Estrelas, planetas e vida só podem se formar se uma galáxia tem gás para criá-los”, conta Kenney. No entanto, o gás dentro de IC 3418 está sendo forçado para fora da galáxia pela pressão de outras galáxias no aglomerado.

Já a “cauda” de bolas de fogo da galáxia ainda mostra sinais de formação de novas estrelas. Essas bolhas brilhantes de gás iluminadas por estrelas provavelmente foram formadas nos últimos milhões de anos.

Morte no sentido não estrito da palavra
IC3418 provavelmente está passando por um processo conhecido como “pressão de arraste”, quando uma galáxia é despojada de seus gases por “ventos” que são mais poderosos do que sua força gravitacional.

“Se você segurar pipoca e grãos de milho não estourados em sua mão e colocá-los para fora da janela do carro enquanto você dirige, o vento causado pelo movimento do carro vai soprar a pipoca, mas deixar os grãos não estourados, mais densos, na sua mão”, afirma Kenney. “Isto é igual às nuvens de gás sendo sopradas para fora da galáxia pelo vento do aglomerado, enquanto as estrelas mais densas ficam para trás”.

De acordo com esse processo de pressão de arraste, enquanto as estrelas existentes permanecem intactas, o gás interior da galáxia é varrido, e essa é a chave de sua “morte”: uma galáxia desprovida de gases é uma galáxia que está, efetivamente, morta, já que não pode formar mais corpos celestes.

O estudo é muito importante, porque observar esta galáxia elíptica anã – uma subespécie do tipo mais comum de galáxias no universo – poderia dar aos astrônomos uma ideia melhor de como elas evoluem. “É gratificante encontrar um exemplo claro de um processo importante na evolução da galáxia”, diz Kenney.

O trabalho dos cientistas, com base em imageamento óptico e espectroscopia (dos telescópios WIYN no Arizona, e Keck, no Havaí, ambos nos EUA), evidencia pela primeira vez que uma galáxia está enfrentando pressão de arraste – ou seja, mostra ineditamente um caso explícito de uma galáxia próxima da morte.


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