quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Capturando buracos negros


(Astronomia On Line - Portugal) O caçador de buracos negros da NASA, NuSTAR (Nuclear Spectroscopic Telescope Array), "capturou" os seus primeiros 10 buracos negros supermassivos. A missão, que tem um mastro do tamanho de um autocarro escolar, é o primeiro telescópio capaz de concentrar os raios-X mais energéticos em imagens detalhadas.

As novas descobertas de buracos negros são as primeiras das centenas esperadas da missão ao longo dos próximos dois anos. Estas estruturas gigantescas - buracos negros rodeados por discos espessos de gás - estão no coração de galáxias distantes entre 0,3 e 11,4 mil milhões de anos-luz da Terra.

"Nós descobrimos os buracos negros por acaso", explicou David Alexander, membro da equipa do NuSTAR com base no Departamento de Física da Universidade de Durham, na Inglaterra, e autor principal de um novo estudo publicado na edição de 20 de Agosto da revista Astrophysical Journal. "Nós estávamos observando alvos e avistámos os buracos negros no fundo das imagens."

Outros achados fortuitos adicionais como estes são esperados da missão. Juntamente com os estudos mais específicos da missão de zonas seleccionadas do céu, a equipa do NuSTAR planeia vasculhar centenas de imagens capturadas pelo telescópio com o objectivo de encontrar buracos negros capturados no pano de fundo.

Assim que os 10 buracos negros foram identificados, os cientistas estudaram dados anteriores obtidos pelo Observatório de raios-X Chandra e pelo satélite XMM-Newton da ESA, dois telescópios espaciais complementares que observam raios-X menos energéticos. Os cientistas descobriram que os objectos já tinham sido detectados antes. No entanto, foi só com as observações do NuSTAR que se destacaram como excepcionais, garantindo uma inspecção mais minuciosa.

Ao combinar observações feitas em toda a gama do espectro de raios-X, os astrónomos esperam quebrar mistérios não resolvidos dos buracos negros. Por exemplo, quantos existem no Universo?

"Estamos mais perto de resolver um mistério que começou em 1962," afirma Alexander. "Naquela época, os astrónomos notaram um brilho difuso em raios-X no pano de fundo do nosso céu mas não tinham a certeza da sua origem. Agora, sabemos que a fonte dessa radiação são buracos negros supermassivos distantes, mas precisamos que o NuSTAR nos ajude a detectar e a compreender as populações de buracos negros."

Este brilho em raios-X, chamado de fundo cósmico de raios-X, tem o seu pico nas frequências mais energéticas que o NuSTAR está desenhado para observar, por isso a missão é essencial para identificar o que está a produzir esta radiação. O NuSTAR também pode encontrar os buracos negros supermassivos mais escondidos, enterrados por trás de paredes espessas de gás.

"Os raios-X mais energéticos podem passar até por grandes quantidades de gás e poeira em redor de buracos negros supermassivos," afirma Fiona Harrison, co-autora do estudo e investigadora principal da missão no Instituto de Tecnologia da Califórnia, em Pasadena, EUA.

Os dados das missões WISE (Wide-field Infrared Survey Explorer) e Spitzer também fornecem peças que faltam no quebra-cabeças dos buracos negros ao medir a massa das suas galáxias hospedeiras.

"Os nossos primeiros resultados mostram que os buracos negros supermassivos mais distantes estão encerrados em galáxias maiores," afirma Daniel Stern, co-autor do estudo e cientista do projecto NuSTAR no JPL da NASA em Pasadena, no estado americano da Califórnia. "Isto é esperado. Quando o Universo era mais jovem, havia muito mais acção, com grandes colisões e fusões galácticas."

As observações futuras irão revelar mais sobre o dia-a-dia brutal dos buracos negros, próximos e distantes. Além de caçar buracos negros remotos, o NuSTAR também está à procura de outros objectos exóticos dentro da nossa Galáxia, a Via Láctea.
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