terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Estrelas em fuga da Via Láctea


(Mensageiro Sideral - Folha) O Sol e sua coleção de planetas levam cerca de 230 milhões de anos para dar uma volta em torno do centro da Via Láctea. Mas, ao que parece, algumas estrelas similares à nossa resolveram ir embora da galáxia para sempre.3

Um grupo de astrônomos da Universidade Venderbilt, nos Estados Unidos, encontrou 20 estrelas numa condição conhecida como “hipervelocidade”, em que os astros atingiram a velocidade de escape da Via Láctea e são ejetados dela.

Não é a primeira vez que se detectam astros nessa condição, mas todas as outras ejeções consistiam em estrelas de grande porte que foram arremessadas para fora da galáxia depois de passar de raspão pelo buraco negro supermassivo existente no núcleo da Via Láctea.

“Nossas novas estrelas são relativamente pequenas — aproximadamente do tamanho do Sol — e a parte surpreendente é que nenhuma delas parece estar vindo do núcleo galáctico”, diz Lauren Palladino, líder da pesquisa apresentada na reunião anual da Socidade Astronômica Americana, em Washington.

Os pesquisadores encontraram 20 astros desse tipo, e análises estatísticas mostram que pelo menos metade deles, com 98% de certeza, estão numa trajetória de escape da Via Láctea. Para isso, elas precisam atingir velocidades da ordem de 1.000 km/s, ou 1/300 da velocidade da luz.

A reconstrução de seu trajeto não levava ao centro da Via Láctea, mas de regiões mais externas do disco, o que consiste num mistério. Os cientistas chegaram até a verificar se esses astros não poderiam ter sido arremessados do buraco negro supermassivo que reside na galáxia vizinha de Andrômeda — cálculos sugerem que, vindos de lá, esses astros teriam levado 1 bilhão de anos para chegar aqui –, mas a trajetória não batia.

Sua origem é portanto um mistério. Eles podem ter sido arremessados da própria Via Láctea por algum mecanismo pouco compreendido, ou vieram de galáxias anãs vizinhas. Ninguém sabe ao certo.

Ao Mensageiro Sideral não escapou que esse é o plano de viagem perfeito para uma missão de exploração intergaláctica. Para resistir ao incomensurável tempo que levaria uma travessia entre galáxias, talvez a única forma prática de realizá-la seja levando seu sol e seu sistema planetário junto.

Mesmo sem levar em conta a dificuldade que seria imaginar um mecanismo tecnológico capaz de impulsionar uma estrela para fora de sua galáxia, o número de astros descobertos nessa condição já sugere que não é este o caso. A não ser que estivéssemos testemunhando um êxodo galáctico.

Por outro lado, muito mais crível é imaginar que, em meio à viagem intergaláctica dessas estrelas como o Sol, com cerca de 10 bilhões de anos de vida útil, a evolução biológica encontre uma rota para o surgimento de uma espécie inteligente. Essas criaturas olharão para o céu relativamente vazio nesse espaço entre galáxias, e hão de se perguntar se estão sozinhos no Universo.
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