quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Galáxias gigantes "ganham peso" ao assimilar vizinhas mais pequenas



(Astronomia On Line - Portugal) De acordo com cientistas australianos, as galáxias gigantescas do Universo pararam de fabricar as suas próprias estrelas e em vez disso alimentam-se de galáxias vizinhas.

Os astrónomos observaram mais de 22.000 galáxias e descobriram que, enquanto galáxias mais pequenas são muito eficientes a criar estrelas a partir de gás e poeira, as galáxias mais massivas são muito menos eficientes na formação estelar, produzindo quase nenhumas estrelas novas, ao invés crescendo através da assimilação de outras galáxias.

O estudo foi publicado a semana passada na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, da Universidade de Oxford.

O Dr. Aaron Robotham, do ICRAR (International Centre for Radio Astronomy Research - University of Western Australia), afirma que galáxias mais pequenas e "anãs" são devoradas pelas suas homólogas maiores. "Todas as galáxias começam pequenas e crescem através da recolha de gás e poeira, transformando-os em estrelas de modo muito eficiente," acrescenta. "E de vez em quando são completamente canibalizadas por uma galáxia maior."

Robotham, que liderou a pesquisa, disse que a nossa própria Via Láctea está num ponto crítico e espera-se agora que cresça principalmente através da ingestão de galáxias mais pequenas, em vez de recolher gás. "A Via Láctea não se junta a outra galáxia grande há já muito tempo mas ainda é possível observar restos de todas as galáxias antigas que canibalizou," comenta. "A nossa Galáxia também vai absorver duas galáxias anãs próximas, a Grande e a Pequena Nuvem de Magalhães, daqui a aproximadamente quatro mil milhões de anos." Mas o Dr. Robotham acrescenta que a Via Láctea eventualmente acabará por receber um castigo quando se fundir com a Galáxia de Andrómeda daqui a cerca de cinco mil milhões de anos. "Tecnicamente, é Andrómeda que nos assimilará, porque é a mais massiva das duas," afirma.

Quase todos os dados da investigação foram recolhidos com o Telescópio Anglo-Australiano na Nova Gales do Sul, como parte do estudo GAMA (Galaxy And Mass Assembly), liderado pelo professor Simon Driver do ICRAR. O estudo GAMA envolve mais de 90 cientistas e levou sete anos a ser concluído. Este estudo é um dos mais de 60 publicados que resultaram do esforço técnico, e outros 180 estão em andamento.

Robotham afirma que à medida que as galáxias crescem, têm mais gravidade e isso pode, portanto, puxar mais facilmente os seus vizinhos galácticos. Ele salienta que a razão da formação estelar abrandar em galáxias gigantes é devida a eventos extremos de feedback numa região muito brilhante no centro das galáxias conhecida como núcleo galáctico activo. "O tema é muito debatido, mas um mecanismo popular é que o núcleo galáctico activo basicamente cozinha o gás e impede-o de arrefecer para formar estrelas," afirma Robotham.

Por fim, a gravidade faz com que todas as galáxias se agrupem intimamente em enxames e originem algumas galáxias super-gigantes, mas vamos ter que esperar muitos milhares de milhões de anos até isso acontecer. "Se esperássemos muito, muito, muito tempo, isso eventualmente acabaria por acontecer, mas por muito tempo eu quero dizer muitas vezes a idade do Universo [até agora]," conclui.
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