sexta-feira, 27 de abril de 2012

Astrónomo mostra que há cada vez menos estrelas no Universo

David Sobral lidera equipa da Universidade de Leiden





(Ciência Hoje - Portugal) David Sobral está a liderar uma equipa de astronómos na Universidade de Leiden numa investigação que, através de um método inovador, mostra que “as galáxias no Universo inteiro formam cada vez menos estrelas”.

Segundo o investigador português, actualmente a tirar um pós-doutoramento na universidade holandesa, “utilizando melhores telescópios é possível detectar fontes extremamente ténues, cuja luz demorou milhares de milhões de anos a chegar até nós e, por isso, dá-nos a possibilidade de observar galáxias jovens tal como eram há muitos milhares de milhões de anos”.

No entanto, existe a dificuldade de medir distâncias até essas fontes e por isso “há uma incerteza enorme” no quão para trás no tempo se está a olhar quando se estuda galáxias longínquas, explica o astrónomo ao Ciência Hoje.

É neste ponto que o método proposto pela equipa liderada pelo jovem cientista se destaca: “Através da combinação de dois filtros estreitos [em dois telescópios], capazes de identificar riscas espectrais características de galáxias com formação estrelar a uma distância particular no Universo, é agora possível fazer ‘scans’ eliminando incertezas, obtendo uma informação ‘stereo’ e em horas ou uma a duas noites, ao contrário das centenas de noites previamente necessárias”.

Assim, para além de mostrar que “a técnica é um sucesso” e que a combinação de dois telescópios e dos dois filtros, um em cada telescópio, é “extremamente eficaz”, os resultados da investigação permitem obter uma “excelente determinação da história” da formação estelar do Universo.

“Os nossos resultados mostram de forma inequívoca que a actividade de formação estelar no Universo como um todo tem estado a diminuir desde pelo menos os últimos 11 mil milhões de anos”, constata David Sobral. Isto significa, por exemplo, que “as estrelas ‘maduras’ que hoje vemos na nossa galáxia foram maioritariamente formadas no passado distante”.

De acordo com o investigador, “se a taxa de formação estelar no Universo continuar a diminuir tal como o tem feito nos últimos 11 mil milhões de anos, a quantidade de estrelas no Universo como um todo está neste momento muito perto do máximo possível”. Isto é, “mesmo que esperemos muitos milhares de milhões de anos mais, parece que o Universo só conseguirá ter cerca de cinco por cento mais estrelas do que aquelas que já existem actualmente”.

As conclusões da investigação permitem realizar levantamentos de larga escala, recolhendo amostras de milhares de galáxias. Por outro lado, o estudo mostra que também é possível utilizar alguns parâmetros como as cores de galáxias ou a quantidade de estrelas já formadas, para medir propriedades como a quantidade de poeira existente nas galáxias.

“Os nossos resultados reconciliam, pela primeira vez, a história de formação estelar no Universo com a quantidade de estrelas ‘maduras’ por volume no Universo”, sublinha David Sobral.

Neste momento, a equipa de astrónomos está a expandir o levantamento de galáxias para áreas no céu mais de 10 vezes superior ao estudo piloto e pretendem elevar para um factor 100 vezes maior.

Por outro lado, o grupo está também a realizar estudos detalhados de cada uma das galáxias que encontra para aprender mais sobre a física e os processos fundamentais que governam a formação e evolução de galáxias.

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