quinta-feira, 5 de junho de 2014

Campos magnéticos de buracos negros podem contrabalançar sua gravidade

Observações de dezenas de núcleos ativos de galáxias distantes revelam as forças geradas por estes poderosos objetos


(O Globo) Buracos negros são regiões do espaço onde a gravidade é tão forte que nem mesmo a luz consegue escapar. Apesar disso, alguns gigantescos objetos do tipo, com bilhões de vezes a massa do Sol, localizados no centro de galáxias distantes parecem emitir jatos de partículas e radiação que atravessam o Universo até serem detectados aqui na Terra. A força impulsionadora destes jatos, no entanto, era desconhecida, cenário que mudou com análise da observação de 76 destes chamados núcleos galácticos ativos publicada na edição desta quarta-feira da revista “Nature”. Segundo os pesquisadores, ao sugar o material no seu entorno, os buracos negros podem produzir campos magnéticos tão fortes que não só são capazes de contrabalançar sua poderosa gravidade como lançar parte deste material para o espaço intergaláctico a velocidades próximas à da luz.

- Este estudo pela primeira vez mede sistematicamente a força dos campos magnéticos próximos a buracos negros – destaca Alexander Tchekhovskoy, pesquisador do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley, nos EUA, e um dos responsáveis pela interpretação dos dados observacionais à luz dos atuais modelos computacionais sobre o comportamento de buracos negros. - Isso é importante porque não tínhamos ideia (de qual era essa força), e agora temos evidências não de apenas um ou dois, mas de 76 buracos negros.

Em trabalhos anteriores, Tchekhovskoy desenvolveu modelos computacionais do comportamento de buracos negros que incluíam a presença de campos magnéticos. Suas simulações sugeriam que um buraco negro poderia produzir um campo magnético tão poderoso quanto sua gravidade, mas ainda faltavam evidências observacionais para apoiarem esta previsão. Com as duas forças se contrabalançando, uma nuvem de gás capturada pelo campo magnético seria poupada do “puxão” gravitacional e flutuaria indefinidamente no espaço. Diante disso, Tchekhovskoy diz que os resultados do estudo indicam que os teóricos devem rever sua compreensão sobre o comportamento dos buracos negros.

- Os campos magnéticos são fortes o bastante para mudar dramaticamente a forma que o gás cai no buraco negro e produz os jatos que observamos, muito mais fortes do que presumíamos antes – afirma. - Assim, precisamos voltar e rever nossos modelos mais uma vez.

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