Estudo mostra que teoria sobre formação dos aglomerados globulares pode estar errada
(O Globo) Graças ao telescópio espacial Hubble, um dos maiores mistérios cósmicos se tornou ainda mais intrigante. Imagens divulgadas nesta quinta-feira pela Agência Espacial Europeia mostram que os aglomerados globulares em uma pequena galáxia são muito similares aos encontrados na Via Láctea e, portanto, devem ter sido formados de maneira similar. Até então, acreditava-se que esse tipo de formação apenas existia ao redor de um numeroso conjunto de estrelas antigas. Mas essas velhas estrelas, apesar de abundantes na Via Láctea, não estão presentes na pequena galáxia.
Aglomerado globular é o nome dado a um conjunto esférico de estrelas que orbita o centro das galáxias. Ele é mantido unido graças à gravidade, o que confere à estrutura o formato circular. Acreditava-se que ele consistia de apenas uma população de estrelas, todas formadas no mesmo período, mas pesquisas mostram que os aglomerados globulares da Via Láctea têm histórias mais complexas e são feitos de ao menos duas populações distintas de estrelas.
Cerca de metade das estrelas são de uma única geração, formada antes, e, a outra metade pertence a uma segunda geração. O curioso é que as estrelas da segunda geração possuem entre 50 e 100 vezes mais nitrogênio que as da primeira.
A proporção de estrelas de segunda geração encontrada nos aglomerados globulares da Via Láctea é muito maior que o esperado pelos astrônomos, sugerindo que uma grande quantidade da população de estrelas da primeira geração está perdida. A principal teoria diz que os aglomerados possuíam muito mais estrelas mas, de alguma forma, elas foram ejetadas da formação.
A explicação faz sentido para os aglomerados da Via Láctea, onde as estrelas ejetadas podem se esconder entre tantas outras, mas as novas observações, sobre os aglomerados globulares em galáxias muito menores, colocam essa teoria em xeque.
Os astrônomos miraram os sensores do Hubble para quatro aglomerados globulares em uma pequena galáxia próxima conhecida como Formax Dwarf Spheroidal.
— Nós sabíamos que os aglomerados da Via Láctea eram muito mais complexos do que pensávamos e existem teorias para explicá-los. Mas para testar as nossas teorias sobre como os aglomerados foram formados, nós precisávamos saber como acontece em outros ambientes — justificou o líder da pesquisa, Søren Larsen, da Universidade Radbound, na Holanda. — Nós não sabíamos que os aglomerados globulares em pequenas galáxias tinham múltiplas gerações, mas nossas observações mostram que eles têm!
Os astrônomos puderam observar que os quatro aglomerados de Fornax também possuem uma segunda geração de estrelas, o que indica que não apenas eles foram formados da mesma maneira entre eles, como o processo é muito similar ao dos aglomerados na Via Láctea. Especificamente, eles usaram as imagens para medir a quantidade de nitrogênio nas estrelas e encontraram níveis similares aos encontrados na nossa galáxia.
A alta proporção de estrelas de segunda geração apontariam que os aglomerados globulares de Fornax poderiam ser cobertos pela mesma teoria criada para explicar essa estrutura na Via Láctea. Baseado no número de estrelas ricas em nitrogênio, os aglomerados deveriam ser dez vezes maiores no passado, antes de ejetar as estrelas de primeira geração, mas diferente da Via Láctea, Fornax não possui estrelas antigas em número suficiente para esconder a quantidade supostamente ejetada dos aglomerados.
— Se essas estrelas tivessem sido expulsas, nós as veríamos! Mas isso não aconteceu — explicou Frank Grundahl, pesquisador da Universidade Aarhus, na Dinamarca, e coautor do estudo. — Nossa teoria mais aceita simplesmente não pode estar correta. Não existem lugares em Fornax para esconder essas estrelas ejetadas, então parece que os aglomerados não eram tão grandes quanto imaginávamos.
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